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Problemas de convivência entre locador e inquilino

Alugar um imóvel pela primeira vez pode ser uma experiência positiva e lucrativa — mas também traz desafios. Um dos mais delicados é quando o inquilino começa a causar problemas de convivência ou utilizar o imóvel de forma indevida. Muitos proprietários iniciantes ficam inseguros sobre como agir, até onde vai sua responsabilidade e como se proteger. Este artigo é um guia completo para quem está começando no mercado de locação e quer entender como lidar com o mau uso do imóvel e conflitos com a vizinhança.

O QUE É MAU USO DO IMÓVEL NA LOCAÇÃO RESIDENCIAL?

Mau uso é qualquer utilização do imóvel que contraria as normas legais, contratuais ou de boa convivência. Isso inclui:

  • Danificar a estrutura do imóvel por negligência ou uso inadequado;
  • Usar o imóvel para fins comerciais sem autorização;
  • Realizar reformas ou modificações não autorizadas;
  • Promover barulho excessivo ou atividades incômodas;
  • Utilizar áreas comuns de forma inadequada (em caso de condomínios);
  • Deixar o imóvel sujo, com lixo acumulado ou mal cuidado.

QUAIS SÃO OS DIREITOS E DEVERES DO LOCATÁRIO?

De acordo com a Lei do Inquilinato (Lei nº 8.245/1991), o inquilino tem o dever de usar o imóvel como se fosse seu e devolver nas mesmas condições em que recebeu, salvo o desgaste natural do uso. Além disso:

  • Deve respeitar as normas do condomínio (se houver);
  • Não pode alterar a forma interna ou externa do imóvel sem consentimento do locador;
  • É responsável pelos atos de seus familiares, visitantes e empregados;
  • Deve preservar a segurança, salubridade e sossego do local.

EXEMPLOS COMUNS DE CONDUTAS INADEQUADAS

1. Barulho excessivo

  • Festas frequentes e em horários inadequados;
  • Som alto durante a madrugada;
  • Animais que latem o dia inteiro.

2. Uso comercial do imóvel

  • Transformar a casa em salão de beleza, estúdio de tatuagem, bar, entre outros;
  • Entrada e saída intensa de pessoas e veículos;
  • Instalação de placas comerciais sem autorização.

3. Descumprimento de regras do condomínio

  • Desrespeitar horário de silêncio;
  • Jogar lixo de forma indevida;
  • Estacionar em vagas erradas ou impedir a circulação de outros.

4. Riscos à segurança e à integridade do imóvel

  • Uso inadequado de botijões de gás ou instalações elétricas;
  • Proliferação de entulhos e materiais inflamáveis;
  • Animais de grande porte em espaços pequenos e não adequados.

COMO O PROPRIETÁRIO PODE SE PROTEGER?

1. Elabore um contrato com cláusulas claras sobre o uso do imóvel

Inclua disposições como:

  • Proibição de alteração estrutural sem permissão;
  • Uso estritamente residencial;
  • Obrigação de respeitar normas de convivência e silêncio;
  • Multas contratuais por descumprimento dessas regras.

2. Anexe o regulamento do condomínio ao contrato

  • Peça que o locatário assine e declare que tomou ciência do regulamento;
  • Isso facilita a responsabilização em caso de descumprimento.

3. Realize vistorias periódicas com aviso prévio

  • Combinadas por escrito, essas visitas ajudam a prevenir problemas;
  • Use um checklist para avaliar o estado do imóvel e identifique riscos.

4. Mantenha contato com o síndico e vizinhos

  • Informe-se sobre reclamações e atue preventivamente;
  • Solicite que as queixas sejam documentadas por escrito.

O QUE FAZER DIANTE DE UM INQUILINO PROBLEMÁTICO?

1. Tente uma abordagem amigável

  • Converse de forma clara, preferencialmente por escrito;
  • Aponte as condutas inadequadas e proponha a correção imediata.

2. Envie uma notificação extrajudicial

  • Formalize a advertência em documento com prazo para cessação da conduta;
  • Aponte as cláusulas descumpridas e possíveis consequências legais.

3. Notifique o fiador ou a seguradora (se houver)

  • Caso o contrato possua garantia locatícia, o fiador ou a seguradora também pode ser responsabilizada.

4. Ajuíze ação de despejo por infração contratual

  • A Lei do Inquilinato permite o despejo por uso indevido do imóvel;
  • É necessário reunir provas (fotos, vídeos, testemunhas, atas de condomínio, notificações).

5. Inclua pedido de liminar

  • A depender da gravidade da situação, o juiz pode conceder uma ordem de desocupação imediata (em até 15 dias).

COMO FUNCIONA A AÇÃO DE DESPEJO POR MAU USO OU CONVIVÊNCIA INADEQUADA?

Etapas:

  1. Tentativa de resolução amigável e notificações extrajudiciais;
  2. Ajuizamento da ação com base em infração contratual e legal;
  3. Citação do inquilino para apresentar defesa;
  4. Produção de provas (se necessário);
  5. Sentença judicial determinando a desocupação;
  6. Cumprimento da decisão com apoio do oficial de justiça.

Prazo médio:

  • Entre 3 meses e 1 ano, dependendo da urgência e complexidade do caso.

CHECKLIST PARA PREVENIR E RESOLVER PROBLEMAS DE MAU USO

Antes da locação:

  • Avalie bem o perfil do inquilino (inclusive com referências);
  • Inclua cláusulas detalhadas sobre o uso adequado do imóvel;
  • Anexe o regulamento interno do condomínio ao contrato;
  • Faça uma vistoria inicial com fotos.

Durante a locação:

  • Mantenha diálogo aberto com o inquilino;
  • Monitore informalmente por meio de síndico ou vizinhos;
  • Agende visitas periódicas com aviso prévio;
  • Registre qualquer incidente relatado.

Diante de problemas:

  • Faça advertência verbal ou escrita;
  • Notifique formalmente por escrito com prazo para solução;
  • Comunique fiador ou seguradora, se houver;
  • Busque apoio jurídico se persistir a infração.

FLUXOGRAMA DE AÇÃO EM CASO DE MAU USO DO IMÓVEL

  1. Identificação de conduta inadequada
    ↳ Informal (vizinho, síndico) ou vistoria
  2. Contato inicial com o inquilino
    ↳ Alerta verbal ou escrito
  3. Notificação formal extrajudicial
    ↳ Prazo para cessação do comportamento
  4. Persistência do problema
    ↳ Comunicação ao fiador/seguradora
  5. Ação judicial de despejo com base contratual
    ↳ Reúne provas e acompanha decisão
  6. Desocupação judicial
    ↳ Oficial de justiça + retomada do imóvel

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Lidar com problemas de comportamento e mau uso do imóvel é uma das partes mais sensíveis da gestão de aluguéis, especialmente para quem está começando. Mas, com boas cláusulas contratuais, comunicação clara e documentação, é possível manter o controle da situação e proteger seu patrimônio.

Se necessário, conte com apoio jurídico ou de uma imobiliária. O importante é agir com profissionalismo e dentro da legalidade, evitando confrontos diretos e adotando os meios corretos para resolver o problema.

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